sábado, 24 de abril de 2010

Assim começou minha história com Ivete



Muita gente me pergunta como é que eu comecei a fotografar Ivete Sangalo, por isso colo aqui a história postada no blog de um dos responsáveis por tudo isso.

Com a palavra Edmundo Caruzo ( um dos empresários da Banda Eva em 1999 quando Ivete ainda cantava na banda).

...saí enlouquecido, chutando tudo disponível a minha volta, xingando toda a minha geração (curioso, deveria ter xingado a dele – agora me dou conta) pelo fato de ter me permitido cair num engodo daqueles.

Nesse ponto, preciso dizer que Duda, sobrinho de Jorginho, que não fazia muito tempo que tinha vindo trabalhar conosco, desde o dia que entrou na produtora me enchia o saco para dar a oportunidade a um garotão amigo seu, excelente fotógrafo – segundo ele.

Eu não dava a mínima. Talento em volta era o que não me faltava, nas mais diferentes frentes que eu poderia pensar em demandar. E, por isso mesmo, não iria perder tempo com um amador. Dizia eu, vociferando para Duda, incorporando (em muito) o oligofrênico que o poder da grana me tornou.

Quando Duda me viu no desespero, chegou manhoso.

___ Edmundo, dê uma chance a Cacau.

___ Tudo bem, já tô perdido mesmo. Manda esse tal de Cacau Mangabeira ir pra lá hoje, sem compromisso, que eu vou correr atrás de um fotógrafo decente pra ver se me salva. Mas tem uma coisa.

___ Diga.

___ Se eu não gostar do material do cara, ele e você que se fodam. Não vou pagar um centavo.

___ Tudo bem – disse Duda, enquanto saía em disparada antes que eu me arrependesse.

Quando tem de ser é. Naquele dia, por mais que eu procurasse, não achei nenhum bom fotógrafo disponível na cidade. E olha que grana não era o problema, mas estavam todos ocupados.

Frustado, cruzei os dedos entreguei a Deus os negativos.

Depois desse episódio, que me devolveu um material maravilhoso feito por um artista de raro talento, Cacau Mangabeira virou o fotógrafo de minha vida. Não deu pra fazer mais nada sem ele. Aliás, de minha vida só não. De todo mundo. De toda a música baiana, principalmente de Ivete.

Até uns anos atrás, não havia ninguém que tivesse fotografado mais Ivete Sangalo em sua carreira solo do que Cacau Mangabeira. Cacau, um cara doce, gentleman mesmo, e de facílimo trato a partir de um certo ponto se tornou uma grife.

Depois, não sei porque, nunca entendi, mas nunca entendi mesmo, já que o mercado sempre babou por ele e por seu clic mágico (mas tampouco perguntei), largou tudo e foi morar em Ilhéus, fazendo álbuns de casamento, batizado, essas coisas da crônica familiar. Nunca vi nada mais lindo produzido nesse gênero. Opção pura. A música continou lhe mandando passagens de ida e volta sempre que precisou dele.

Hoje vive em Manaus, mas longe ainda do mercado que localmente o celebrizou. Continua fazendo os mesmos álbuns, mas no seu site já pode se ver capas de revistas e fotos incríveis para publicidade.

Morro de saudades de Cacau, sou dependente de talento. E, duro como ando, fica impraticavel pagar sua passagem.
postado por Edmundo Carôso, às 07:20

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